Resumen
O objetivo deste artigo é entender como a medicalização da morte, isto é, a transformação da morte em um evento institucionalizado segundo o modelo da medicina de morte e doença, interfere na organização social da morte no Brasil atual. Nesse artigo, tiramos dois exemplos de saberes e práticas técnicos relativos à essa medicalização. O primeiro foi o discurso organizado pelo Estado brasileiro e seus agentes sobre o preenchimento da Declaração de óbito e como ele implicitamente separa doença, lesão e morte de seu fundo social. O segundo foram os discursos dos trabalhadores no Instituto Médico-Legal e nos laboratórios de tanatopraxia e como eles se se aproximam (ou se afastam) da linguagem oficial. Queremos mostrar como a morte enquanto um objeto de pesquisa não é uma “coisa” separada e independente dos elementos sociais que lhe dão visibilidade.