Resumen
O presente trabalho objetivou compreender o modo como os espaços são constitutivos das experiências, e sua importância para a vivência das emoções. Foram realizadas entrevistas com quatro pessoas, diagnosticadas como “doentes mentais” e que viviam em distintos espaços: uma Residência Terapêutica, um abrigo, um hotel e uma casa. Também foi realizada a observação participante com registro em diário de campo. Considera-se que o ser é sempre ser-em-mundo, não podendo ser descolado desse. Esse mundo envolve não apenas as relações com outros seres vivos, mas também com organismos não humanos, cujas trajetórias se cruzam com as do próprio sujeito. A trajetória de cada sujeito se faz continuamente no próprio percurso, em um contínuo caminhar. Foi possível observar diversos engajamentos a partir dos locais de moradia, no sentido de recuperar certa autonomia ou alguns direitos perdidos. Nota-se que apesar de muitos demonstrarem acreditar na impossibilidade de ter uma “vida normal”, havia um movimento contínuo, embora às vezes tímido, para a superação de algumas dificuldades.