Resumen
O presente artigo é resultado de uma pesquisa etnográfica com doentes hepáticos graves crônicos e transplantados do Serviço de Transplante Hepático do HC-UFPR. A pesquisa foi realizada com o emprego do método etnográfico, tendo como base a hipótese de que o diagnóstico de doença grave e crônica quando anunciado pela equipe médica representa
um evento traumático para o doente. A presença do trauma produz uma ruptura na temporalidade biográfica do indivíduo. Passado e presente se desconectam e o futuro desaparece como projeto, dando seu lugar para a iminência da morte. A construção de uma narrativa sobre a experiência vivida aparece como estratégia possível para resolver a ausência de significado da experiência. Sua construção passa por vicissitudesinscritas na dificuldade que o indivíduo possui de objetivar o evento traumático. A presença da doença enquanto conjunto de sintomas que afetam a imagem corporal e a identidade do doente, não se resolve somente com o transplante, o que por sua vez também exige significação. Os elementosteóricos aqui considerados para a análise dos dadossão fornecidos por Strauss(1999), Goffman (1988 e 2008), Schutz (1970 e 2003), Kleinman (1988), Rabelo ( 1999), LeBreton (2006) e Sarti (2010).